DOENÇA DE PARKINSON: AVALIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS COM O TRATAMENTO NA PERSPECTIVA DO PACIENTE E DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE

Resumo: 

O impacto financeiro da Doença de Parkinson na sociedade tem sido discutido amplamente
nas últimas décadas e espera-se que aumente no futuro, juntamente com o envelhecimento da
população. Contudo, a escassez de estudos de custo da doença no Brasil dificulta a realização
de previsões e cálculos de estimativas futuras, prejudicando a avaliação do impacto
econômico na vida do indivíduo e nos sistemas de saúde, tanto público quanto privado. O
objetivo desta pesquisa é contribuir para a avaliação do custo médio anual com o tratamento
da DP entre pacientes que utilizam o Sistema Público de Saúde no Município de Niterói (RJ),
baseado nas variáveis de Custo Direto, e diagnosticar se a alocação de recursos públicos com
o tratamento contempla tais variáveis. A pesquisa seguiu um desenho de métodos mistos, com
dados qualitativos e quantitativos. Os dados qualitativos foram obtidos através de revisão da
literatura, baseado no tema central e árvore de palavras-chave desenvolvida a partir deste
tema. Os dados quantitativos foram obtidos através de entrevista em uma amostra por
conveniência de 54 pacientes, e analisados através de testes não paramétricos devido a
rejeição da normalidade dos conjuntos de dados numéricos obtidos. Dentre os principais
resultados obtidos, foram identificadas na literatura onze variáveis de Custo Direto com o
tratamento da doença, com 84,5% dos custos totais se concentrando em quatro delas
(Medicamentos, Internações, Cuidados Domiciliares e Tratamentos Auxiliares). Ao analisar
as categorias de custo, foi possível observar que na perspectiva do paciente, o principal gasto
é com medicamentos (37,3%), enquanto na perspectiva do sistema público de saúde as
internações destacam-se com 45,5% dos custos totais. As variáveis Internações, Cirurgia,
Cuidados Domiciliares, Tratamentos Auxiliares e Medicamentos apresentaram correlação de
Spearman positiva e significativa com os custos totais. Foi identificada associação
estatisticamente significativa entre a idade e o estágio de progressão da doença com os custos
totais, através do teste não paramétrico de Kruskall-Wallis. Segundo o teste de Wilcoxon, não
houve diferença estatística significativa entre os custos de acordo com as categorias público e
privado, o que rejeita a hipótese de pesquisa H1. O custo anual médio total foi estimado em
R$ 14.293,66 e calculado a partir da média e do intervalo de confiança de 95% obtidos,
ajustados em um modelo linear generalizado com uma distribuição de probabilidade gama e
função de ligação logarítmica, em um horizonte temporal retrospectivo de seis meses. Os
resultados sugerem que a alocação de recursos do Sistema Público de Saúde contempla as
principais variáveis de custo direto envolvidas neste estudo. A estimativa dos custos
individuais com o tratamento se mostrou de fundamental importância para o entendimento
dos custos totais, e justifica a importância de estudos nessa área, tanto para os pacientes,
quanto para os gestores envolvidos nos cuidados a saúde. Os resultados obtidos estão
relacionados com a amostra utilizada, não sendo possíveis generalizações teóricas. Sugere-se
a replicação deste estudo em uma amostra maior, com possibilidade de generalização dos
resultados.

Palavras chave: Doença de Parkinson; Custo da doença; Custos diretos; Sistemas de saúde

Data da defesa: 
segunda-feira, 26 Abril, 2021 - 10:00
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